ATA DA DÉCIMA OITAVA SESSÃO SOLENE DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 26.08.1997.

 


Aos vinte e seis dias do mês de agosto do ano de mil novecentos e noventa e sete reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quinze horas, constatada a existência de "quorum", o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos da presente Sessão, destinada à entrega do Prêmio de Educação "Thereza Noronha" à Professora Isolda Holmer Paes, nos termos do Projeto de Lei do Legislativo nº 10/95 (Processo nº 1033/95), de autoria do Ex-Vereador Wilton Araújo, por proposição da Mesa Diretora. Compuseram a Mesa: o Vereador Clovis Ilgenfritz, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; o Irmão Faustino João, representante da Reitoria da Pontifícia Universidade Católica, PUC; a Professora Wrana Maria Panizzi, Reitora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul; a Senhora Antonieta Barone, Presidenta de Honra  da  Aliança  Francesa  e Centro Franco Brasileiro; o Tenente Glaudemir Genério Hansel, representante do Comando-Geral da Brigada Militar;  a Professora Isolda Holmer Paes, Homenageada; o Vereador Lauro Hagemann, Secretário "ad doc". Ainda, como extensão da Mesa, o Senhor Presidente registrou a presença do Irmão Maynard Longhi, Diretor do Instituto de Letras da PUC; do Irmão Élvio Clemente, membro do Conselho Estadual de Cultura; da Professora Maria Beatriz Luce, representante da Faculdade de Educação do Rio Grande do Sul (UFRGS); da Professora Regina Pires, Vice-Diretora da Escola Professor Elpídio Ferreira Paes; do Arquiteto Moacyr Moojen Marques, membro do Conselho dos Cidadãos Honorários de Porto Alegre, e sua esposa; do Doutor Miguel Pinheiro, ex-Procurador-Geral deste Legislativo. Também, foi registrado o recebimento de correspondência de autoria do Deputado Arno Franz, alusiva ao evento. A seguir, o Senhor Presidente concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Vereador Antonio Hohlfeldt, em nome das Bancadas do PSDB, PDT, PTB, PMDB e PSB, afirmou que esta homenagem é devida não apenas por Porto Alegre, mas por todo o Rio Grande do Sul, diante do importante trabalho educacional realizado pela Professora  Isolda Holmer Paes. Finalizando, a pedido do Vereador João Dib, impossibilitado de comparecer à presente Sessão, leu poema de autoria de Maria Cláudia Mello Nogueira, integrante do livro "Leitura em ação". O Vereador Reginaldo Pujol, em nome da Bancada do PFL, discorreu acerca das lembranças que possui de contatos mantidos com a Homenageada, sempre marcados por um atendimento carinhoso e produtivo, declarando sua alegria pessoal pela possibilidade de participar da presente solenidade. O Vereador Adeli Sell, em nome da Bancada do PT, comentou o trabalho realizado pela Professora  Isolda  Holmer   Paes,  afirmando  considerar  sua  trajetória  um exemplo de dedicação e de coragem frente à vida. O Vereador Jocelin Azambuja, em nome da Bancada do PTB, manifestou-se acerca da presente homenagem, classificando-a como o reconhecimento da Cidade à Professora Isolda Holmer Paes e a todos aqueles que dedicam seus esforços para melhorar a educação brasileira. O Vereador Lauro Hagemann, em nome da Bancada do PPS, discorreu sobre a importância da figura do professor em nossas vidas, ressaltando ser necessário que a sociedade se conscientize e reconheça o papel atualmente exercido pelo educador. Após, o Senhor Presidente concedeu a palavra à Professora Terezinha Cavalcanti, que declamou o poema "Tia Isolda". Em prosseguimento, o Senhor Presidente convidou o Vereador Antonio Hohlfeldt e o ex-Vereador Wilton Araújo para procederem à entrega do Prêmio de Educação "Thereza Noronha" à Professora Isolda Holmer Paes  e, a seguir, concedeu a palavra à Homenageada, que agradeceu o Prêmio recebido.  Após, o Senhor Presidente convidou os presentes para, em pé, ouvirem à execução do Hino Nacional e, nada mais havendo a tratar, agradeceu a presença de todos, declarando encerrados os trabalhos às dezesseis horas e cinqüenta e quatro minutos.  Os trabalhos  foram presididos pelos Vereadores Clovis Ilgenfritz e Reginaldo Pujol e secretariados pelo Vereador Lauro Hagemann, Secretário "ad hoc". Do que eu, Lauro Hagemann, Secretário "ad hoc", determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelos Senhores 1º Secretário e Presidente.

 

 

 


O SR. PRESIDENTE (Clovis Ilgenfritz): Srs. Vereadores,  Senhoras,  Senhores, estamos abrindo a 18ª Sessão Solene da XII Legislatura. Esta Sessão é destinada à entrega do Prêmio de Educação Thereza Noronha à Professora Isolda Holmer Paes.  Convido-a para vir até a Mesa.  (Palmas.)

Esta Sessão foi resultado de um Requerimento que se transformou no Projeto de Lei do Legislativo nº 10/95, Processo nº 1033/95, e é uma preposição da Mesa Diretora.  Além da nossa homenageada, compondo a Mesa, queremos chamar também o Irmão Faustino João, representante da Reitoria da PUC;  a  Sra.  Antonieta Barone, Presidente de Honra da Aliança Francesa e Centro Franco Brasileiro; o Tenente Glaudemir Genério Hansel, representante do Comando-Geral da Brigada Militar.

Esclarecemos que a proposição desta Sessão foi feita pela Mesa porque o Vereador que propôs a homenagem hoje não é mais Vereador, porque não quis mais ser  Vereador. Foi Presidente desta Casa e muito nos honra com sua  presença hoje - o ex-Ver. Wilton Araújo; fiz parte da Mesa Diretora junto com ele.  Então, é uma proposição do ex-Ver. Wilton Araújo.

Tem a palavra o Ver. Antonio Hohlfeldt, que fala pelas Bancadas do PSDB, PDT, PMDB e PSB. Vejam a imensa responsabilidade do Ver. Antonio Hohlfeldt.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT:  Sr. Presidente, Ver. Clovis Ilgenfritz; prezado companheiro ex-Ver. Wilton Araújo, proponente original desta homenagem; Irmão Faustino João, na representação da Reitoria da Pontifícia Universidade Católica; minha querida amiga Antonieta Barone, Presidente de honra da Aliança Francesa; Ten.Glaudemir Genério Hansel, representando o Comando-Geral da Brigada Militar; prezado Irmão Hélvio Clemente, Presidente do Conselho Estadual de Cultura; Irmão Maynard Longhi, Diretor do Instituto de Letras da PUC; minha querida Profa. Lia Marquard; meu prezado amigo Moacyr Moojen Marques, recentemente também homenageado por esta Casa por proposição do Ver. Clovis Ilgenfritz; meus Senhores, minhas Senhoras.

O Ver. Clovis Ilgenfritz verbalizou uma responsabilidade que me cabe de, além de ter complementado esse processo que teve a iniciativa do Ver. Wilton Araújo ano passado, representar aqui, além da Bancada da Social Democracia no Brasil, PSDB, dos companheiros Cláudio Sebenelo e Anamaria Negroni, os companheiros do PDT, Bancada liderada pelo Ver. Nereu D’Ávila; do PPB, do Líder João Dib; do PMDB, liderada pelo Ver. Fernando Záchia; do PSB, liderada pelo Ver. Carlos Garcia; e do PTB, liderada pelo Ver. Luiz Braz.

A homenagem que fazemos à Profa. Isolda, de quem propositalmente não mencionei o nome nesta saudação porque ela é o motivo de todos estarmos aqui neste momento e, portanto, não precisamos mencioná-lo explicitamente, é, exatamente, no sentido de marcar uma homenagem que essa Cidade, não só Porto Alegre, mas todo o Estado do Rio Grande do Sul, deve a essa mulher e a essa educadora. Nada melhor do que o prêmio que esta Casa instituiu em 1994, por proposição do Ver. Jocelin Azambuja, que é o Prêmio “Thereza Noronha”, outra educadora de destaque, não apenas no Rio Grande,  como no Brasil.

A coincidência feliz de hoje é que o Ver. Jocelin Azambuja está  aqui como Vereador.  Ele, que é suplente da Bancada do PTB, está na titularidade nesta semana, podendo, inclusive, participar desta Sessão conosco.

Falar da Profa. Isolda é difícil e é fácil. É difícil, porque é tanta coisa que se teria para dizer da Profa. Isolda, que, certamente, cada um de vocês aqui acrescentariam mais um fio à teia enorme de coisas que, ao longo da vida, a Profa. Isolda fez. E é fácil porque, com toda a certeza, esta Sessão é um encontro de amigos, é um encontro de emoção. A Profa. Isolda nunca soube, pelo menos durante todos os anos em que a conheci, fazer nada do ponto de vista burocrático, formal, da obrigação, em cumprimento de dever apenas.

Eu quero aqui, Profa. Isolda, certamente menos como Vereador e mais como um humilde ex-aluno, alguém que lhe deve muito, alguém que adolescente, 18,19 anos, com todo o sonho de vida pela frente, num curso de Letras, chegava no Colégio de Aplicação para fazer o estágio e encontrava aquela que era, assim, um pouco mistura de bruxa, porque dava medo na gente, e de fada fantástica, porque logo no primeiro dia se perdia todo aquele temor que tínhamos e tornava-se a nossa mãe, a nossa carinhosa orientadora. Foi essa de fato a minha experiência. No meu caso, eu tive uma dupla experiência, porque comecei sendo aluno do Prof. Elpídio Paes. Acho que não dá para falar da Profa. Isolda sem falar do Prof. Elpídio; e não dava para pensar no Prof. Elpídio sem, imediatamente, lembrar da Profa. Isolda.

Da história oficial da Profa. Isolda, lembramos que ela nasceu em Taquara e com a Profa. Graciema Pacheco fundou o Colégio de Aplicação, e com o Prof. Elpídio Paes inventou a Aliança Francesa, que integrou, presidiu, liderou, ajudou dezenas de instituições culturais, educacionais e cidadãs desta Cidade, entre as quais menciono apenas a Associação de Amigos do Museu de Artes do Rio Grande do Sul, a Associação Lígia Averbuk e, agora, esta entidade, que, certamente, explica a juventude e a longevidade da Profa. Isolda: a Sociedade Brasileira dos Amigos do Vinho. O vinho é, certamente, um dos motivos da força da Profa. Isolda.

 A Profa. Isolda viaja, amanhã, mais uma vez. Aliás, quero fazer um agradecimento muito especial ao Ver. Clovis Ilgenfritz, pois a Casa havia programado uma sessão coletiva para o dia do aniversário da Câmara na próxima semana. Diante da viagem da Profa. Isolda, nós conversamos com o Presidente no sentido de que se fizesse esta sessão especial de homenagem à Profa. Isolda. Eu tenho certeza de que ela merece.

 Nesta homenagem, quero acrescentar a Dona Maria e a Dona Iolanda. Não se pode separar esse trio. Ficam, então, incluídas na homenagem a Dona Maria, que foi empregada da Profa. Isolda por muito tempo, e a Dona Iolanda, que é, hoje, sua acompanhante permanente. Com isso eu entro naquilo que eu diria a história não-oficial.

O Ver. João Dib deixou-me um livro e me disse: “Não poderei estar na Sessão amanhã, mas quero que a minha parte na homenagem seja a leitura de um poema”. O poema é de autoria da menina - na época - Maria Cláudia Mello Nogueira, da 6ª série, 12 anos, que participou de uma antologia - “Leitura em ação” - que a Prefeitura publicou quando o Dib era o Prefeito da Cidade.

O poema diz:

“Amigo, quero ajuda, e contigo poder contar, pois você sempre consegue uma palavra para alegrar. Amigo, quero falar-te, desabafar o meu coração, dizer-te por que estou triste; alegria em mim não existe, por isso preciso de ti. Porém, amigo, eu quero te ajudar quando precisas. Quando a Dona Tristeza bater no teu coração, senta-te à minha mesa, amigo, me dê a mão.”

Eu sei por que o Dib me pediu que eu lesse esse poema. Eu me lembro muito bem que, muitas e muitas vezes, alunos e alunas do Colégio de Aplicação, ou nós, que éramos estagiários, chegávamos lá para chorar no ombro da Profa. Isolda, e não só por questões de notas ou de atraso nos trabalhos. Eram questões pessoais dos adolescentes descobrindo a vida: problemas em casa, falta de dinheiro para comprar um livro, e a Isolda saía corredor afora do Colégio de Aplicação, tentando resolver o problema.

 Na história secreta da Profa. Isolda evidentemente o Prof. Elpídio é parte constante. E, mesmo depois da sua morte, o Prof. Elpídio, na verdade, continua par constante da Profa. Isolda. Me contaram as más línguas - ela pode confirmar ou não – que, numa certa vez, na Cidade de Registro, a Profa. Isolda teve problemas com o seu automóvel. Fim de tarde, carro parado na estrada, meio sozinha, ela começou a berrar pelo Elpídio - era quase “Santo Elpídio”: “Me ajuda”. E lá veio a oportunidade, de repente, um mecânico em auxiliá-la. Aquela conversa da Profa. Isolda... E o mecânico, apesar de fora da hora, de fechar aos fins-de-semana, trabalhou, resolveu o problema e o carro andou. A Profa. Isolda perguntou: “Como posso te agradecer?” Ele respondeu: “Chama-me de Elpídio”.

Não sei se foi reencarnação, mas foi a versão que me contaram, Profa. Isolda.  Ela confirma que é verdade.

Nessas viagens que a Profa. Isolda faz nem sempre as coisas terminam felizes. Há um outro episódio: que, durante um jantar num país asiático, houve uma invasão daquele ambiente por mascarados. E a Profa. Isolda, lepidíssima, se jogou para baixo da mesa, pois, se corresse bala de metralhadora, ela estaria lá, resguardada. Só que tudo não passava de um trote, talvez de mau gosto, dos nubentes, porque era um jantar de casamento. Depois de revelada toda a brincadeira, a Profa. Isolda veio com marcas, porque nessa tentativa de fuga ou resguardo ela acabou se pisando feio numa das pernas.

 São aventuras de viajantes esses sinais de uma mulher que, além de ser uma educadora que têm gerações que devem a ela a sua formação, foi sempre uma pessoa cheia de vida, uma pessoa ligada em todos os acontecimentos da Cidade. Não me lembro de ter ido a nenhum acontecimento cultural importante de Porto Alegre que não tenha cruzado com a Profa. Isolda.  Aliás, isso vale para a Dona Antonieta Barone, diga-se de passagem. Mas, de toda maneira, é difícil a gente pensar Porto Alegre sem a figura da Profa. Isolda. E, quando fundada ou aberta, aqui no Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, a Sociedade Brasileira dos Amigos do Vinho, fiquei muito curioso em saber o que a Isolda fazia nessa Sociedade, porque toda a nossa imagem, como aluno, em relação à professora, fica meio mistificada, meio distante, pois a Profa. Isolda é uma pessoa tão comportada, tão séria, e eu não conseguia imaginá-la fazendo ilibações a Baco nessas atividades que a Sociedade Brasileira dos Amigos do Vinho desenvolve. Depois contaram-me que a Sociedade é muito bem comportada, e fiquei com inveja, porque, certamente, a Profa. Isolda deve ter aproveitado para degustar alguns vinhos que nos deixariam com água na boca por nem sempre ter acesso a esse tipo de oportunidade.

Profa. Isolda, eu queria que esta minha fala não fosse uma fala formal, não fosse uma fala de Vereador apenas, mas fosse, sobretudo, uma fala daquele adolescente que, há alguns anos,  teve a oportunidade e a felicidade de encontrá-la. A Senhora pode ter certeza de que muitos dos que aqui estão, Vereadores... Quero permitir-me dizer que o Ver. Décio Schauren não está presente no momento, pois está na Comissão de Educação, no outro andar, desempenhando as suas funções. Ele é um dos seus ex-alunos, como eu e outros, que vão falar aqui,  e a Cidade inteira e o Estado lhe devemos, e é isso que o Ver. Wilton Araújo, com toda a certeza, teve a feliz iniciativa de expressar quando apresentou esse Projeto, e a mim coube a honra de continuar e concluir essa tarefa  hoje, inclusive com a presença do Vereador também.

Quero dar-lhe um abraço muito carinhoso e dizer-lhe que não só nós, que fomos seus alunos diretos, mas todos aqueles professores que a Senhora formou e que estão reproduzindo, permanentemente,  junto a outras gerações agradecem por tudo o que aprenderam com a Senhora. Nós todos lhe devemos! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

                                                                                                                                                                                               (Não revisto pelo orador.)

O SR. PRESIDENTE: Recebemos um telegrama do Deputado Arno Franz,  que depois vou passar para a Senhora.

Consideramos como extensão da Mesa o Irmão Maynard Longhi, Diretor do Instituto de Letras da PUC; o Irmão Élvio Clemente, membro do Conselho Estadual de Cultura; a Profa. Maria Beatriz Luce, representante da Faculdade de Educação do Rio Grande do Sul (UFRGS); a Profa. Regina Pires, Vice-Diretora da Escola Prof. Elpídio Ferreira Paes; o Arquiteto Moacyr Moojen Marques, membro do Conselho dos Cidadãos Honorários de Porto Alegre e sua esposa; Dr. Miguel Pinheiro, nosso  ex-Procurador-Geral da Câmara, e demais amigos, alunos, ex-alunos e familiares da homenageada.

O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra e falará pela Bancada do seu Partido,  o PFL.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr Presidente e Srs. Vereadores, querida Profa. Isolda Holmer Paes, nossa homenageada nesta tarde em que, engalanada, a Câmara de Vereadores lhe entrega o Prêmio de Educação “Thereza Noronha”, que lhe foi conferido por decisão unânime desta Casa. Querido - com que saudade digo isso - Professor Irmão Faustino João, que hoje aqui representa a Pontifícia Universidade Católica e que, juntamente com os Irmãos Élvio Clemente e Maynard Longhi, me faz retroceder um pouco no tempo, pelos menos há trinta anos, àquela convivência na Pontifícia Universidade Católica. Queridíssima Antonieta Barone, Presidente de Honra da nossa Aliança Francesa e uma pessoa cujos títulos em Porto Alegre são decantados em prosa e verso. Caro Tenente Glaudemir Genério Hansel, aqui representando hoje o Comando-Geral da nossa gloriosa Brigada Militar do Estado do Rio Grande do Sul. Meus Senhores e minhas Senhoras, a tarde de hoje é muito especial para o Legislativo de Porto Alegre. Em verdade, este ato é quase que uma sinfonia em que vários partícipes propiciaram o orquestramento. Obviamente que, no início da leitura dessa partitura,  necessariamente nós encontramos o nosso querido amigo Ver. Wilton Araújo, que teve a iniciativa de requerer o que acabou sendo deferido como um reconhecimento à importância da Profa. Isolda para a educação em Porto Alegre e no Rio Grande do Sul.

Nesse contexto também se insere o nosso companheiro de jornada, Ver. Jocelin Azambuja, que instituiu o Prêmio “Thereza Noronha”, que nos permite fazer uma homenagem que se ajusta, por inteiro, à atividade e à ação pedagógica e cultural da ilustre Profa. Isolda Paes. E não menos importante é a ação do Ver. Antonio Hohlfeldt que, nas circunstâncias, diligenciou na reativação desse Projeto e, conseqüentemente, na sua exeqüibilidade, fato esse que propiciou que à orquestra se incorporassem mais 30 ou 31 atores, ou seja, todos os componentes deste sodalício que, em conjunto, asseguraram a unanimidade na decisão que culminaria com a concessão e a outorga desse título, desse prêmio que hoje é concedido à Profa. Isolda Paes.

Todos nós, de uma forma ou de outra - e o Ver. Antonio Hohlfeldt, que tem uma memória privilegiadíssima, já teve o ensejo, inclusive, de gizar situações muito específicas a respeito da nossa homenageada -, tivemos um determinado momento da nossa vida em que diretamente usufruímos dessa capacidade e qualidade de educadora de que a Profa. Isolda é possuidora, uma vida que começou na Escola Técnica Ernesto Dornelles, que prosseguiu pelo Instituto de Educação e que chegou à grande obra do Colégio de Aplicação, que se estendeu pela Aliança Francesa e por tantos outros segmentos onde a atuação da Profa. Isolda se fez marcar. Quem tem uma vida pontilhada por tantos atos meritórios certamente ensejará que, num conjunto de 33 pessoas que são a representação política da Cidade, as pessoas se identifiquem em uma ou em outra situação.

Eu, em 54, quando o Prof. Eliseu Paglioli criou objetivamente as condições de que o projeto do Aplicação se realizasse, era um matuto que chegava do Interior do Estado, vindo da minha Quaraí, tendo uma pequena passagem por Uruguaiana, e se instalava no Colégio Dom João Becker. Muito longe do Colégio de Aplicação, era um colégio de característica bem diferente daquela que se fazia, com todo o apoiamento da Faculdade de Filosofia, reunindo pessoas jovens, com as quais se podia fazer uma experiência de grande profundidade na área educacional.

Eu era de um colégio que também era uma experiência, uma experiência de como aproveitar o espaço ocioso de um prédio público, utilizado na parte da noite para ensejar a oportunidade de as pessoas cursarem o ginásio e posteriormente o colegial, quando essas tinham atividades durante o dia - era o meu caso. Aluno do Dom João Becker, fui-me envolvendo com as atividades que marcavam a dinâmica do movimento estudantil da ocasião. E, no final dos anos 60 - antes de incomodar o Irmão Élvio Clemente, lá na PUC -, eu me encontrava na Direção da União Metropolitana dos Estudantes Secundários de Porto Alegre e me lembro que, naquela ocasião, tive o privilégio do contato e da orientação da Profa. Isolda Paes. Lembro que, em um momento de conflito, nós todos, a Direção da UMESPA, procuramos a Profa. Isolda para termos um esclarecimento, uma luz, em sua residência. E nós tínhamos, na UMESPA, um lema: “Somente a educação poderá permitir a compreensão e a tolerância entre os povos”. Não sei se essa frase foi cunhada por alguém ou se nós a criamos; sei que era o nosso lema. Certamente porque envolvíamos várias pessoas que tinham dificuldades de acesso ao ensino curricular, ao ensino fundamental, ao aprofundamento escolar, continuamos entendendo que a educação dá grau de civilização para uma comunidade e que somente em estágio de civilização mais adiantada é que se pode desenvolver a compreensão entre os povos. Na ocasião, confusos na nossa juvenil e gloriosa confusão, fomos até a Profa. Isolda Paes receber algumas luzes que nos foram dadas com muito carinho,  afeto e, sobretudo, com uma pedagogia própria daqueles que nasceram com a predisposição de, na educação, encontrar a realização.

Então, hoje as coisas se modificam. Estou aqui há algum tempo; represento uma parcela da população porto-alegrense. Esta Casa é plural, onde todos os segmentos políticos têm representação, e aqui só há uma unanimidade -  inclusive, até parece que todos passaram pela UMESPA. Todos nós somos unânimes em reconhecer a importância que têm hoje, como tiveram ontem e como vão ter amanhã, os projetos de educação que se desenvolvem neste Estado e País. Por termos esse tipo de compreensão, por comungarmos dessa mesma posição, por nos identificarmos neste mesmo pensamento é que a homenagem que lhe prestamos, Profa. Isolda, tem que ser  compreendida em outra dimensão. De certa maneira, ao invés de sermos os homenageantes do dia de hoje, somos os homenageados, porque, na medida em que cada um de nós tem um pouquinho a ver com a sua trajetória, nos sentimos redobradamente felizes. Eu estou exultante, alegre, satisfeito porque a diligência dos meus colegas já citados permitiram que o Prêmio “Thereza Noronha” desembarcasse numa das mãos mais qualificadas,  mais adequadas,  e que nunca,  penso eu, o Ver. Jocelin Azambuja, que teve a idéia da formulação do prêmio, teve dúvidas quanto à finalidade do objetivo da premiação. Se alguma dúvida pudesse pairar, esta desapareceria no dia de hoje. O prêmio está muito bem qualificado e mais qualificada ainda esta Casa de Vereadores, que teve a sensibilidade de, unanimemente, outorgar à nossa querida Profa. Isolda Paes o Prêmio “Thereza Noronha” como mérito em educação, esta educação a quem ela tem servido com tanta garra, entusiasmo e, sobretudo, com tanto amor. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Solicito ao Ver. Reginaldo Pujol que assuma a Presidência dos trabalhos, já que tenho que me ausentar para uma audiência.

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): O Ver. Adeli Sell está com a palavra pelo PT.

 

O SR. ADELI SELL: (Saúda os componentes da Mesa.) Coube a mim representar a Bancada do PT. Para mim é uma grande satisfação poder falar aqui e homenagear a minha Profa. Isolda Paes. O Ver. Décio Schauren, colega e companheiro de bancada, faz por esta minha fala a sua homenagem à também sua professora Isolda Paes.

 Pensei um pouco qual seria o melhor termo para simbolizar a sua trajetória, Professora. Pareceu-me que a palavra “exemplo” fosse a que melhor simbolizasse e expressasse a sua trajetória. É evidente que tenho no meu pai um exemplo de determinação, um homem analfabeto que fez de tudo para que eu estudasse e me formasse. Na minha mãe, sem dúvida nenhuma, tenho um exemplo de dedicação que sigo até hoje. Mas, no Curso de Letras,  já no finalzinho da Faculdade da UFGRS, eu encontrava a Profa. Isolda Paes; conheci-a antes, mas encontrei-a, naquele momento, na minha sala de aula. Eu estava vivendo um momento de muito medo, porque era o semestre final; havia o estágio, eu já dava algumas aulas particulares de português e inglês - mais de inglês, diga-se de passagem - e tive a honra de encontrá-la, Professora. Foi o seu exemplo de dedicação, mas fundamentalmente o seu exemplo de coragem, instigamento, que me fez e me faz professor. Foi o seu exemplo. Em alguns momentos, eu sentia entre as minhas colegas um certo medo, um retraimento, talvez quase um medo de ser professor, medo de entrar em uma sala de aula. Mas foi a Senhora, com a sua vivacidade, com o seu jeito de cativar que nos fez e faz professor. Portanto, o seu exemplo é  que nos move, que nos guia até hoje, como bem colocaram aqui os meus colegas Antonio e Reginaldo. Por isso, sinto-me muito feliz em falar em nome da Bancada do Partido dos Trabalhadores, em dizer que o Prêmio “Thereza Noronha” é mais uma satisfação para mim hoje. Foi também com a Profa. Thereza Noronha que dei os primeiros passos na militância do Centro dos Professores. E hoje estamos aqui, nesta tarde, para lhe prestar esta singela homenagem, porque a Profa. Isolda merece muito mais do que isto.

Foi lá, também, que conheci um pouco do mundo, do nosso cotidiano - na sala de aula -  e o cotidiano além fronteiras, quando nos falava de algumas passagens de suas viagens. Um pouco daquela experiência que a Senhora trazia da sua convivência lá na Universidade, no Colégio de Aplicação, nos fez o que eu considero fundamental para todos nós, professores: exemplos para os nossos alunos. Muito por mirar o seu exemplo foi que eu segui a carreira de professor, não professor de português, mas de inglês. Pelo seu trabalho naquelas aulas de Prática de Ensino de Português foi que eu consegui me tornar professor. E hoje, como Vereador desta Cidade, quero prestar-lhe esta homenagem.

Tenho certeza de que este prêmio vai marcá-la um pouco mais, porque a Senhora sairá em sua viagem levando de nós um pouco daquele carinho que, por muitas vezes,  a Senhora não recebeu por não nos encontrarmos. Que a Senhora possa levar daqui, hoje, o calor, o abraço, a gratidão. Muito obrigado. (Palmas.)

 

      (Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Jocelin Azambuja está com a palavra, em nome da Bancada do PTB.

 

O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Sr. Presidente. (Saúda os demais componentes da Mesa.) Meu querido amigo Ver. Wilton Araújo, para nós sempre Vereador; outros amigos que aqui estão e que tornam momentos como este muito especiais. Cumprimento a todos os presentes e digo que esta é uma daquelas atividades que a Câmara tem que são fundamentais. Quando cheguei aqui, em l993, deparei-me com o fato de que, em 220 anos de Câmara de Vereadores de Porto Alegre, nunca se tinha prestado uma homenagem à educação. Existiam prêmios de toda a ordem para todas as áreas, mas nenhum para a área da educação, nenhum reconhecimento para a educação. Era uma falha que o Legislativo cometia, de não lembrar que sem educação nada se movimenta nesta Cidade.

Mais do que nunca precisávamos prestar este reconhecimento àqueles que atuam e que ajudam a nossa educação a avançar. Então projetamos ter aqui o Prêmio de Educação “Thereza Noronha”, a nossa homenagem a essa grande educadora, grande mestra, grande lutadora que foi pelo movimento sindical, organização e representação dos professores. E a primeira homenageada foi a querida amiga, tenho certeza, de quase todos que estão aqui,  a Profa. Zilá Totta.  Essa honraria ela a tem com muito carinho. Tenho certeza de que, se ela pudesse, estaria aqui neste momento. Mas ela está sempre presente de coração em todos esses momentos.

O Ver. Antonio Hohlfeldt foi muito feliz ao requerer esta homenagem. Naquela ocasião, tivemos oportunidade de votar, junto com o Ver. Wilton Araújo, a homenagem e o reconhecimento da Cidade de Porto Alegre à Profa. Isolda Paes. Não tenho a felicidade de ser seu ex-aluno, de ter tido esse convívio maravilhoso com a Senhora, uma pessoa que contempla tantos atos positivos como ser humano, como educadora, mas a fiquei conhecendo através dos caminhos de amigos, como a Profa. Iolanda Dipp, sempre ligada ao Instituto de Educação e ao Inácio Montanha. Lá havia um grupo de professores de francês muito mobilizados, entre os quais, a Profa. Dena Kirk,  Presidente da Aliança Francesa, da Associação dos Professores de Francês. Então, tínhamos uma relação comum: a Aliança Francesa, onde minha esposa estudava; e eu namorava lá no Inácio, namorava na Aliança Francesa. Depois, olhando o currículo da Profa. Isolda, verifiquei essa relação com o Colégio de Aplicação, que era seu segundo amor. Ela foi minha diretora e minha professora, e  acabamos trabalhando juntos aqui na Câmara.

Vi na trajetória da Profa. Isolda, em seu trabalho na educação, o Ernesto Dornelles, onde estuda uma das minhas filhas, e o Instituto de Educação, onde estudou minha outra filha, que hoje é professora e faz o Curso de Pedagogia na nossa querida Pontifícia Universidade Católica, onde também tive a honra de fazer o curso de Direito. São caminhos que se cruzam na nossa vida, e às vezes se chega a ter uma relação tão forte e profunda com pessoas com quem não temos um convívio direto, mas sempre ouvia falar da Profa. Isolda Paes. Um Presidente do CPM da Escola Elpídio Ferreira Paes foi quem sugeriu a criação da Associação do Círculo de Pais e Mestres do Rio Grande do Sul. São atos que se interligam.

Eu queria dizer-lhe, Profa. Isolda, que neste momento de tantas reflexões sobre educação, de tantas responsabilidades que temos com o futuro da educação neste País, quando se implanta uma nova Lei de Diretrizes e Bases, quando se provocam profundos questionamentos sobre o futuro da nossa educação, da preocupação que todos temos, dessa ânsia que sei todos os mestres têm de ver a educação avançar... Minha querida amiga Beatriz Luce, que há tanto tempo milita - e quanto temos militado juntos nessa busca incessante de fazer a educação avançar! -, não podemos perder as esperanças,  quando vemos a trajetória de pessoas como a Senhora, que engrandeceram e que engrandecem a história da educação e que continuam ajudando a fomentar princípios verdadeiros num momento de tantas angústias para os educadores, de tantos conflitos interiores sobre o que serão nossos alunos.

Ouvi, na formatura da minha filha, no Instituto de Educação, o questionamento delas sobre o conteúdo que tinham recebido para tornarem-se professoras, pois não era o que elas gostariam de ter. Fica-se questionando se realmente iremos avançar em termos de educação se não refletirmos sobre a qualificação de cada profissional.

É importante que Porto Alegre, que os educadores e que os jovens professores se espelhem em figuras como a Senhora, que tem uma trajetória construída de muita dignidade, de muita força e de muita luta, para realmente melhorarem a nossa educação. Precisamos de exemplos como o seu. Porto Alegre, hoje,  torna-se mais feliz por poder prestar este reconhecimento e lhe conceder este prêmio que leva o nome  da tão querida educadora Thereza Noronha. Meus parabéns e muito obrigado por tudo que a Senhora tem feito e pelo que fará pela nossa educação. Muito obrigado.                                                      

 

(Não revisto pelo orador.)

O SR. PRESIDENTE:  O Ver. Lauro Hagemann está com a palavra pelo PPS.

 

O SR. LAURO HAGEMANN: (Saúda os componentes da Mesa.) Prezadíssima Profa. Isolda Paes, companheiro Wilton Araújo, ex-Vereador responsável por esta Sessão, prezados professores que acompanham esta Sessão, prometo que não vou incorrer no perigoso vezo de provocar emoções mais fortes, embora, nesta Casa, sessões desta natureza têm-se prestado a esse papel. Esta, com muito mais razão, seria uma sessão destinada a evocações que produziriam o afloramento de sensibilidades muito agradáveis.

Esta Sessão tem uma característica: ela reúne aqui uma plêiade de professores.  Infelizmente, no nosso tempo, vão-se tornando esmaecidas as figuras dos grandes educadores.  Hoje, as novas gerações têm dificuldade em lembrar o nome da primeira professora, coisa que nós nos lembramos com grato prazer. A figura do professor, hoje, está ficando distante, seja pela velocidade da vida moderna, seja pelos novos conceitos de educação. Eu vejo aqui professores com os quais eu convivi; infelizmente, não fui aluno de todos, mas lembro de nomes que as gerações ainda recordam com profunda admiração. Quem não se lembra, por exemplo, do trio de professores que formava a banca examinadora de latim na Faculdade de Direito: Prof. Elpídio Paes, Prof. Heinrich Bunse e Prof. Ângelo Ricci? Quem desta geração de hoje, que já está encanecida, não se lembra desses professores? Para falar na Universidade Federal, sem falar na Pontifícia Universidade Católica. Quem não se lembra do Prof. Irmão Otão, Reitor da PUC?  Do professor que está conosco hoje, Irmão Faustino? E de Celso Pedro Luft e outros tantos nomes?  Hoje, se perguntarmos aos jovens alunos, ninguém sabe quem são. Um é nome de rua, outro é nome não sei do quê, e assim por diante.

A Profa. Isolda Paes tem essa faculdade. Ela será lembrada por várias gerações como uma educadora da sua época. Eu não fui aluno da Profa. Isolda, mas me lembro, como se fosse hoje: eu vi nascer o Colégio de Aplicação. A sala de aula do primeiro ano do Colégio de Aplicação funcionava ao lado da minha sala de aula, na velha Faculdade de Filosofia. Eu iniciava o curso de Jornalismo. As aulas eram contíguas e eu ainda me lembro das carinhas de alguns daqueles alunos, e isso há 43 ou 44 anos. E a Profa. Isolda - e aí não se pode dissociar uma outra figura que esta Casa ainda terá que homenagear -, a Profa. Graciema Pacheco, que eram as responsáveis pelo curso de Didática do curso de Educação da Faculdade de Filosofia.

São coisas que a gente vem rememorando, e acho que sob esse aspecto, hoje, quando a educação, como ciência, se revolve num processo de modificação, de modernização, de atualização, não podemos perder de vista aquelas experiências. Porque mesmo com a tecnologia, mesmo com o computador, mesmo com os robôs, nunca vai ser prescindida a figura do professor. Ele nunca será substituído por nenhum desses novos mecanismos, pelo menos no tempo em que a gente possa imaginar.

É preciso, num momento como este, em que a sociedade humana se modifica, novas coisas estão aparecendo... Estamos quase que, por assim dizer, diante de uma nova Idade Média. Muitas coisas que aconteceram há 500 anos “mutatis mutandis” estão ocorrendo hoje. E uma delas, no meu ver a principal, é justamente a descoberta de Gutenberg, dos tipos móveis, com a informática; era o processo de comunicação e transmissão de conhecimento. Essas coisas nos alertam para coisas novas que estão vindo e ao mesmo tempo nos desafiam a enfrentar essas novidades, senão nós vamos ficar parados no tempo. E num país como o nosso, que pretende emergir da situação de um país de terceiro mundo para um país mais desenvolvido, com capacidade de preservar a vida, a educação e todas as coisas benéficas que o mundo oferece para um cidadão, precisamos nos adequar a esses tempos novos. Essa adequação só se dá através do processo educacional, não é por outra forma. Não é acumulando riquezas. Inclusive, não é por nada que se diz que a virada do milênio será o século do conhecimento.  O conhecimento vai ser a moeda mais importante que o homem terá à sua disposição e ela não poderá ser substituída pelo valor material; quem tiver o conhecimento deterá o conhecimento das ações do mundo, e nós precisamos nos conscientizar disso. Por isso, o exemplo da Profa. Isolda Paes,  na sua época e ainda hoje, deve servir de base para que nós raciocinemos sobre isso. A partir do exemplo dela como educadora que entendeu o tempo que ela presenciou e viveu na formação de novas gerações, esta compreensão nós temos que assimilar e procurar transformar e transmitir aos que vieram após a nossa passagem.

Professora, a Câmara Municipal, ao lhe conferir este Prêmio “Thereza Noronha”,  homenageia também outra educadora, prematuramente desaparecida, mas que serve de símbolo a esta homenagem que nós estamos prestando a mais uma  educadora emérita do nosso Estado, cujo nome vai ficar gravado para as gerações futuras.  Meus parabéns. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE:  Presidir esta Sessão é uma honra muito grande, o que pode determinar alguns equívocos protocolares, mas, atendendo ao que nos foi solicitado pelo Ver. Antonio Hohlfeldt e pelo ex-Ver. Wilton Araújo, nesta reunião o que não pode faltar é a emocionalidade de quem se sente feliz com os atos que aqui se realizam. Dentro desta linha, sendo o que foi determinado pela Coordenadoria do Cerimonial desta reunião, convido a Profa Terezinha Cavalcanti para declamar uma poesia em homenagem a nossa querida Isolda Holmer Paes. A poesia tem o nome de “Tia Isolda”.

 

A SRA. TEREZINHA CAVALCANTI: (Saúda os componentes da Mesa.) Isolda Holmer Paes, a minha Tia Isolda. Quero dar um pequeno depoimento: eu, menina, muito menina, cheguei da Cidade de São Luiz Gonzaga, magricela, perna fina, com forte sotaque missioneiro, e tive a felicidade de ser das primeiras alunas, no início da década de 50, da minha Tia Isolda. Passaram-se os anos, e eu acredito que já fosse até avó e nos encontramos, nem sei quantos anos depois, e foi algo espontâneo; nos abraçamos e ela olhou para mim e disse: “Terezinha Brustoloni Cavalcanti”. Eu perguntei: “Onde está o caderno de chamada, Tia Isolda? A Senhora lembra-se do meu nome por completo. Isso faz de mim uma privilegiada, uma escolhida”. Sinto-me distinguida por esta mulher  maravilhosa, a minha Tia Isolda.

Há alguns anos tenho uma poesia de minha autoria que, não tendo condições de dizê-la de cor, vou lê-la, porque tenho medo que a emoção me traia:

(Lê.)

 

“Tia Isolda

Com  sabedoria

tanta coisa me ensinaste,

que aqui não caberia...

Em tuas aulas...

aprendi a conjugar

e também a versejar.

 

Contigo...

aprendi o artigo

e também o substantivo

mas não encontro o adjetivo qualificativo,

pra poder te homenagear

 

Tenho orgulho em saber

que não me fiz esquecer.

Tua aluna eu fui...

Há já...quase meio século,

mas... por ti

ainda sou lembrada

minha professora amada,

como se estivesses

com meu nome, por extenso,

no caderno de chamada.

 

Amigos semeaste

pelo tempo afora,

saudades deixaste,

ontem e agora,

nos lugares onde andaste.

De emoção me inundo.

ao falar em ti...

cidadã do mundo.

E ao escrever teu nome,

um doce mel...

se esparrama no papel.”

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: Como havia anunciado antes, a emocionalidade, a abertura de coração tem sido a característica da nossa reunião. E como tenho a absoluta certeza, se já não arranhei o Regimento, vou fazê-lo daqui a um pouco, não vou seguir literalmente a orientação do  nosso cerimonial, porque não só quero registrar a presença entre nós da Reitora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Profa.  Wrana Panizzi, que deveria estar compondo a Mesa desde o início, mas assim não ocorreu porque só nos dá a alegria de sua presença mais recentemente. Convido-a para  integrar a  Mesa, e acompanhe o término dos trabalhos, até para que fique registrado o desejo da Profa. Wrana, que, através do Prof. Gerson Almeida, na condição de Professora Emérita da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, pede que enfatizemos aquilo que já foi enfatizado à  nossa homenageada. (Palmas.)

Imediatamente, solicito aos meus colegas Vereadores Antonio Hohlfeldt e Wilton Araújo para que procedamos à entrega do pergaminho correspondente à homenagem que hoje a Profa. Isolda Paes está recebendo.

 

(Procede-se à entrega do Prêmio de Educação “Thereza Noronha” à Profa. Isolda Paes.) (Palmas.)

 

Com satisfação, concedo a palavra à nossa homenageada, Profa. Isolda Paes.

 

A SRA. ISOLDA PAES: Ilustre Ver. Reginaldo Pujol, Presidente da Mesa; minha Magnífica Reitora, Wrana Panizzi; demais membros da Mesa; meus Vereadores excepcionais, extraordinários, que me fizeram viver momentos de uma evocação extraordinária da minha vida, mil vezes obrigada: Antonio, querido, nos reencontramos hoje; Ver. Jocelin Azambuja, Ver. Pujol. Ver. Hagemann, Ver. Adeli Sell, muito obrigada. Sinceramente, o que fizeram foi uma coisa excepcional: levaram-me para tempos que não estão esquecidos, porque são, verdadeiramente, a minha vida. Eu sou uma pessoa que, a cada momento, identifico o que está acontecendo, e identifico com profunda emoção e sensibilidade. É o que eu estou, hoje, fazendo: identificando um momento ímpar na minha vida, porque, além de serem excepcionalmente generosos, deram-me uma alegria imensa ao evocar momentos da minha vida, momentos de rara  felicidade. Muito obrigada. (Palmas.)

À admiração que lhes tenho, pelo comprometido trabalho por nossa comunidade e o respeito aos valores que se integram, acrescento, agora, um sentimento de outra ordem: a gratidão, que me leva a vê-los de uma maneira muito singular. Confesso que jamais previra ver pessoas tão ilustres voltadas para a minha pessoa com a magnífica expressão de sensibilidade humana, capaz de ir muito além de quem teve a honra de merecer suas atenções. Faço questão de ressaltar isso que acabo de dizer.

Em verdade, este não seria o espaço a ser ocupado por mim. Se aqui estou é porque existe muito mais simpatia, generosidade e benemerência em quem participa da vida da comunidade do que se poderia, normalmente, esperar, como é o caso da ilustre Câmara de Vereadores. No entanto, penso que minha presença tem alguma justificativa e uma história. A justificativa seria ter estado durante 40 anos comprometida com o ideal da educação. A história é o modo como cheguei a esta circunstância de vida. Contudo, ainda não cheguei a perceber, claramente, por que sou alvo de tão grande homenagem.

 Desejo singularizar em duas pessoas o meu reconhecimento a esta Casa: na pessoa do ex-Ver. Wilton Araújo, que tenho prazer de ver aqui - pensei que não o veria nesta ocasião -, que com seu espírito aberto e generoso tomou a iniciativa de propor meu nome para essa homenagem. Já não mais participa das lides de Vereador, mas espero que considere a minha manifestação de gratidão e respeito como ele merece. Ao brilhante Ver. Antonio Hohlfeldt declaro ter prazer de ficar a lhe dever a continuidade da proposta inicial. Pois é mais um elo que acrescento ao meu encontro na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, com a expressão de sua inteligência e capacidade. Preservo com alegria a lembrança daqueles momentos. Naquela oportunidade tive a clara certeza de que, qualquer que fosse o caminho que viesse a tomar, teria real sucesso como pessoa e como profissional.  E isso, agora, sempre vem a reconfirmar.

Tenho passado os anos agradecendo a Deus e aos homens a complacência com minha particular expressão de vida. Hoje, o meu agradecimento à Câmara de Vereadores tem um sentido de maior alcance no tempo e no espaço, pois me leva, de modo particular, ao meu passado. Naquele tempo, teria ingressado no magistério se fosse possível. O momento ambicionado chegou muito mais tarde. Tive 40 anos para reconfirmar minha vocação numa experiência única.

 Disse-lhes que na minha longa existência o agradecer tem sido constante. Esta afirmação sugere a idéia de fornecer-lhes alguns dados sobre minha formação, como também ensejo para visualizar melhor o meu trajeto como educadora.

 Minha aspiração de ensinar, de me dedicar à educação da infância e da juventude nasceu quando terminava a escola primária. Para continuar os estudos no curso normal, tive que deixar a pequena e pacata cidade de Taquara a fim de transferir-me para um centro maior, no caso Porto Alegre, onde tinha alguns familiares. Há 74 anos atrás, essa decisão exigiria dos meus muita coragem e afoiteza para mandar uma menina para uma cidade tão diferente do ambiente tranqüilo e familiar em que sempre vivi. Tive que reelaborar esse primeiro insucesso, mas fiquei com a idéia de que no caminho perdera alguma coisa muito valiosa. Casei-me aos 22 anos, com apenas a minha experiência de escola primária. Passei a conviver com uma constante surpresa e emoção, diante do conhecimento do meu marido, não apenas conhecimento, mas esse já elaborado a partir de sua inteligência em pensar na atitude de estudioso - portanto, com uma cultura com passe-livre para diversificar os planos do saber. Em nenhum momento, o meu distanciamento com o seu mundo complexo e rico me foi constrangedor; encantava-me apenas. Além disso, nunca, com um olhar, gesto ou palavra, eu fui alertada para a minha situação tão desigual. A humanidade sem limite de meu marido, a sua sensibilidade afetiva, o seu respeito à minha verdade, sua discreta e imperceptível maneira de ajudar-me deram-me segurança e deixaram-me livre para decidir o meu futuro algum tempo mais tarde.

Seis anos depois de casada, num processo compreensível e natural, ingressei no Curso de Letras da Faculdade de Filosofia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Algumas vezes me punha a refletir sobre qual teria sido o papel de Elpídio na minha decisão. Nunca encontrei nenhum indício de que ele tivesse tido a intenção de influenciar-me no sentido de fazer alguma coisa que não estivesse nas minhas mais autênticas intenções. Lembro-me que um dia, ao lhe pedir para traduzir a legenda latina de uma gravura, ouvi a pergunta: “Você não gostaria de estudar latim?” Confesso que foi um susto, mas, sem reflexão de contra ou a favor, vi-me logo a declinar: “rosa-rosae, domus-domini”. Simplesmente o estudo de latim me seduziu. Foi, de certo modo, um encontro,  com um pouco de esguelha, com o mundo de meu professor: o mundo greco-romano. Da mesma maneira vim um dia a estudar francês, e assim, de outras experiências idênticas nesse contexto, foram me conduzindo para esta desejada. Nessa época,  me ouvi dizendo: “Vou fazer o curso de Letras”. E estava decidida. Não recuei nem quando tive que usar o uniforme de listras azul e brancas do Colégio Sevigné. Só percebi, no entanto, que algo de novo estava-me ocorrendo quando, nos últimos dias de aula do Curso da Faculdade, a Profa. Graciema Pacheco convidou-me para trabalhar com ela como assistente da disciplina de Didática e iniciar outra etapa, um outro contexto, a Ciência e Tecnologia da Educação. A minha carreira de educadora estava começando tarde? Não. Nunca pensei que fosse tarde; ao contrário, pensei que era a hora. Tinha uma melhor compreensão da realidade brasileira e dos problemas da educação.

Tudo que lhes tenho dito pareceu-me agora um tanto lateral, talvez incompleto;  tenho, pois, e terei de rever outras dimensões da minha vida pessoal e profissional.

A três pessoas devo a minha realização: à minha mãe - perdi meu pai aos três anos -, uma extraordinária criatura que facilitava toda a aprendizagem da vida com uma bela lição de amor, compreensão, coragem e alegria. O que recolhi desta lição iluminou a minha vida. Ao meu marido, Prof. Elpídio Ferreira Paes, cuja beleza de alma, profundo conhecimento do ser humano, espírito de justiça, iluminada visão de seu papel de maior,  me deu condições únicas para conquistar o que sempre desejei: uma sala de aula, o aluno, buscando servir ao ser; à Profa. Graciema Pacheco, que acreditou em mim e desvendou o que eu não teria encontrado sozinha: ensinou-me e conduziu-me aos resultados a que cheguei.

Minha vida de professora teve início na Escola Técnica Feminina Senador Ernesto Dornelles. Não é, Terezinha Cavalcanti? Sem nenhuma experiência, mas com muito entusiasmo, passei o período inicial do ano em um verdadeiro processo de ensaio e erro. Aquelas adoráveis meninas teriam percebido o meu despreparo, mas com sua acolhedora compreensão e a descoberta da riqueza a ser explorada na natureza intrínseca da língua, em seguida, encontrei o rumo inicial, encontro cheio de promessas para dedicar-me, definitivamente, à metodologia do ensino da língua portuguesa. Preservo, no coração, a lembrança comovida das meninas do Ernesto Dornelles, pois marcaram de modo singular meu ingresso no magistério.

 Por elogiosa insistência da nobre Profa. Olga Gayer, Diretora do Instituto de Educação, vi-me, com pesar, deixando a Escola Ernesto Dornelles, mas também feliz por ingressar naquela tradicional e modelar casa de ensino, onde iniciei a segunda e inesquecível experiência como educadora no ensino normal. Como acontecera antes, outro grupo de adolescentes, num contexto de definições claras, com interesse pela profissão, foi decisivo para reafirmar meus propósitos na área de educação. Ao grupo devo muitos momentos de alegria plena, nascida na seqüência da própria aula. Momentos em que recordamos, com emoção, dos encontros anuais do grupo. Foi então que, por designação do Prof. Eliseu Paglioli, Reitor Magnífico da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, trabalhei, sob a lúcida e inspirada orientação da Profa. Graciema Pacheco, no planejamento do Colégio de Aplicação, exigência legal para a Faculdade de Filosofia, responsável pela formação do professor de ensino médio. Foi, sem dúvida, ali que iniciei, em outro plano, uma experiência bem mais complexa e profunda, pela singularidade da circunstância educacional e pelos anos que ainda passei na condição e na coordenação de estágios avançados de alunos-mestres e na coordenação do Departamento de Letras do Colégio. Esses  foram anos de emoção e de renovada alegria no correr dos dias e dos anos. O contato direto com os jovens em tempo integral foi ensejo único para vê-los crescer com os seus próprios recursos, apenas estimulados.

O colégio fora concebido no modelo mais aberto, para lidar com os problemas humanos no contexto da realidade brasileira. Tínhamos presente a idéia de que cada um de nossos adolescentes tinha a sua maneira própria de perceber, entender e interpretar os fatos da realidade atual. Em verdade, cada um nos oferecia um modelo particular de ser e de estar no mundo.

Tomo a liberdade de fazer algumas reflexões sobre algo daqueles tempos, pela emoção sempre renovada das lembranças que persigo na inteligência e sensibilidade dos meninos e meninas que, por circunstâncias muito especiais, foram um desafio que, antes de nos intimidar, se constituíram num estímulo para o nosso contínuo aprender. Evocando esse passado, quero afirmar que ele está presente no modo como ainda hoje convivemos, eles e eu, como se o passado fosse o presente, tão forte foi o que criamos juntos. Uma palavra para os antigos estagiários que aqui estão presentes e que têm oferecido ao ensino um alto padrão de realização e que também fizeram parte do grupo do Colégio de Aplicação.

O momento e a circunstância, em geral, exigem que encerre essas minhas descompassadas e incompletas reflexões. Mas isso não significa que tenha dado por terminado o compromisso assim assumido no juramento de formatura. Não tenho mais o espaço limitado da sala de aula, nem mais coesa a inteligência em ebulição, o complexo de idéias sempre criadoras, a harmonia de forças que se integravam em belos momentos de convivência; não tenho mais a presença envolvente, rebelde e compromissada da juventude. A situação é infinitamente mais complexa e infinitamente menor o alcance das minhas intenções. Mas isso não significa que tenha perdido a confiança em mim mesma e, principalmente, no reduto forte e belo do ser humano. Penso que a mata é infinda; tenho muito o que percorrer antes de adormecer.

Como disse no início, minha vida tem sido um permanente agradecimento. Obrigada, Sr. Presidente da Câmara de Vereadores e Srs. Vereadores; obrigada aos que  têm estado comigo ontem e continuam aqui hoje. Não poderia citá-los, mas sei que cada um dos que me acompanham estarão colhendo um agradecimento especial, nascido na nossa íntima comunhão de afeto e pensamento. Obrigada a Thereza Noronha; mais do que eu, ela foi homenageada nesta tarde - deixemos, pois, que ela tenha a oportunidade de se expressar e que tenha a última palavra. Esse sentido de crescer junto, de cooperar, de comungar, de unir, de construir junto é cerne vivo que permanece como alentadora proposta de vida, traçada na fé e na certeza do papel insubstituível que, por natureza, por decreto e por dever incumbe ao educador na sociedade de agora e do futuro. Muito obrigada. (Palmas.)

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: Senhoras e Senhores, mais uma vez queremos agradecer, em nome da Câmara Municipal de Porto Alegre, a presença de todos.  Cumprimento o Ver. Jocelin Azambuja, que instituiu o Prêmio “Thereza Noronha”, o Vereador proponente desta homenagem, Sr. Wilton Araújo, e o Ver. Antonio Hohlfeldt. Convido todos para que, de pé, ouçamos o Hino Nacional.

 

(Procede-se à execução do Hino Nacional.)

 

Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão Solene.

 

(Encerra-se a Sessão às 16h54min.)

 

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